Conheça os RPGs de Senhor dos Anéis
- tabernadecontos
- 17 de mai. de 2021
- 4 min de leitura

Em 1937, o mundo conheceu "O Hobbt", livro escrito pelo professor e filólogo inglês J. R. R. Tolkien, que marcava o início de um dos mais clássicos e importantes universos de fantasia medieval já criado, a Terra Média. Tendo grande inspiração na Europa medieval e na mitologia nórdica, a Terra Média é um mundo fantástico habitado por elfos, anões, orcs, dragões, envolta de uma magia sutil e recheada de histórias épicas. Publicada na década de 1950, a trilogia "O senhor dos anéis" foi um marco pra fantasia épica, inspirando muitas obras que viriam pela frente, inclusive nosso querido D&D. Além de sua famosa adaptação para os cinemas, a Terra Média também foi nos mostrada nos videogames e, é claro, nos RPGs, onde tivemos a chance de nos aventurar nesse mundo tão incrível.

A primeira adaptação de Senhor dos Anéis para os RPGs veio em 1984 com MERP, ou Middle-Earth Role Playing, publicado pela Iron Crown Enterprises. Esse jogo contava com uma versão simplificada do sistema de Rolemaster, outro famoso RPG da década de 1980 publicado pela mesma editora. Esse sistema contava com o uso de um dado de 100 faces (na verdade, dois dados de 10 faces, de 0 a 9, um representando as dezenas e outro as unidades), e seus testes eram baseados em porcentagem. Além de uma raça e uma profissão, representando os arquétipos de heróis da Terra Média, os personagens contavam com atributos e habilidades para definir o que eram capazes de fazer. Apesar das limitações dos RPGs da época, e de ser considerado pouco fiel à Terra Média, MERP marcou muitos jogadores e conquistou uma legião de fãs que dura até hoje. MERP foi trazido para o Brasil em 1995 pela editore Ediouro, que também publicou quatro edições de uma série de livros-jogos de Senhor dos Anéis, "Aventuras na Terra-Média".

Em 2002, a Devir nos trouxe Senhor dos Anéis RPG, publicado originalmente pela Decipher, Inc. Esse livro trazia descrições detalhadas de toda a Terra Média e de todos os seres que a habitam, e incentivava a construção de narrativas épicas em qualquer que fosse a era que os jogadores escolhessem jogar. Senhor dos Anéis RPG se utiliza do sistema CODA, criado originalmente para ele, mas que viria a ser usado em outros RPGs, como um de Star Trek. Esse sistema se baseia no uso de dois dados comuns de 6 lados, os personagens possuem 6 atributos principais (Porte, Força, Agilidade, Percepção, Espírito e Vitalidade) e alguns derivados (como Força de Vontade e Prestreza), e uma série de perícias diferentes para determinar suas habilidades, além da possibilidade de pegar talentos e defeitos que concedem melhorias ou penalidades ao que o personagem é capaz de fazer. Esse jogo não conta com uma barra de vida, no lugar disso cada personagem possui um nível de saúde, e conforme a quantidade de dano sofrida excede esse número ele recebe ferimentos (que geram penalidades no jogo) até chegar ao ponto de morrer. Na hora de criar o personagem, deve-se escolher uma das principais raças da Terra Média (humano, elfo, anão ou hobbit), que determinará algumas características únicas, e uma ordem (como bárbaro, menestrel, mágico, artífice...), que determina as perícias iniciais e os poderes que o personagem pode adquirir.
O sistema CODA possui seus pontos fortes, mas acaba sendo um tanto quanto quebrado, já que é muito fácil realizar alguns combos que torne quase impossível falhar nos testes, além de gerar combates em que os inimigos morrem muito rápido. Um elemento bem interessantes nesse sistema, contudo, são as regras para batalhas com exércitos, que envolvem desde exércitos inteiros se enfrentando de uma vez quanto movimentação de pequenas tropas. A forma como a magia é utilizada aqui também é bem diferente e emula perfeitamente os livros e filmes. Não existe uma barra de MP ou número limite de magias para usar por dia, o personagem mágico é livre para lançar quantas magias quiser, mas precisa ter sucesso num teste de Vitalidade para não adquirir níveis de exaustão e sofrer penalidades nos próximos testes. Há também um ótimo sistema de corrupção que pune os personagens que se envolvem com coisas profanas, como feitiçaria ou o próprio Um Anel. Senhor dos Anéis RPG contou com alguns suplementos, sendo um deles um bestiário expandido das criaturas que habitam a Terra Média.

Chegamos então ao ano de 2011, quando "O Um Anel – Aventuras além do Limiar do Ermo" foi publicado pela Cubicle 7, e posteriormente trazido para o Brasil pela Devir. Esse RPG traz uma ambientação focada nas Terras Ermas, região em que as aventuras de "O Hobbit" ocorrem, e inclusive foca no período passado entre "O Hobbit" e "Senhor dos Anéis". Por conta desse enfoque não é possível jogar como um homem de Gondor ou Rohan, por exemplo, mas a narrativa explorada no jogo compensa essas limitações. O jogo ainda propõe uma narrativa dividida em duas etapas: a Fase de Aventura, em que os heróis se aventuram pelas Terras Ermas nas aventuras narradas pelo mestre, e a Fase de Sociedade, em que os heróis dão uma pausa, de dias a meses, nas cidades, em seus lares, e descrevem suas ações e como passaram esse tempo. Em relação as suas mecânicas, esse sistema se baseia nas 3 características de um herói descritas por Gandalf para definir seus atributos básicos: um bom corpo, coração e esperteza. E todas as perícias que o personagem pode treinar estão relacionadas à um desses atributos. Os testes se baseiam na rolagem de um dado de 12 lados, representando o atributo básico, e dados de 6 lados que representam as perícias. No lugar de raças e classe, o jogador escolhe uma cultura, como hobbits do condado e elfos da floresta, que determinam suas características e equipamentos iniciais. Os poderes do personagem advém de duas características: Valor e Sabedoria, que podem ser evoluídas como se fossem o nível do personagem. Também existe uma série de aspectos que o jogador pode definir para seu personagem, que representam sua forma de agir e podem ser chamados a qualquer momento para mudar o resultado de uma cena.
É interessante ver como cada RPG aborda o mundo de Senhor dos Anéis de uma forma diferente, fornecendo experiências únicas para os jogadores. Seja qual for o sistema escolhido, a Terra Média é um universo que merece ser explorado. Se quiser conferir uma aventura de Senhor dos Anéis, dá uma conferida aqui na Taberna de Contos Podcast, a saga que se inicia no episódio 6 se passa na Terra Média e é jogada com o Senhor dos Anéis RPG.
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